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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Pirata

A vida sempre foi dura em qualquer época que seja, mas nesta, eu poderia dizer que poderiamos ter uma boa vida, tinhamos a imensa vastidão do mar para explorar e uma má fama para construir, porém depois de sermos pegos de surpresa por um fortíssimo vento vindo do noroeste seguido de uma tempestade, ficamos vários dias a deriva com as velas rasgadas, sem bússola, e sem ter o que comer ou beber. Metade da tripulação havia morrido e o resto de nós estavamos mais do que mortos por dentro, apáticos, anseiavamos por nada, nem mesmo energia para amaldiçoar Deus e o infinito oceano existia. O que mais me preocupava era a saúde do capitão, dois de seus dentes haviam caido e seus ferimentos pioravam cada vez mais, não havia dúvida, ele estava sofrendo com o Mal de Angola.

-Se eu morrer, meu amigo, eu quero que você fique em terra.
-Não diga isso, capitão, o senhor nunca vai morrer – retruquei
-A vida no mar não é mais como era antes meu caro, se essa tempestade não tivesse nos fodido provavelmente a marinha britanica teria.
-Eu sei que eles são foda, capitão, mas nós também somos demônios.
-Até mesmo Rios, o Maldito, um demônio de verdade, está morto. O que você acha que nos espera?

Um estrondoso baque nos surpreende, haviamos encalhado.

-Parece que estamos salvos. – Fala o capitão.

Corri até o deck e realmente estavamos salvos, conseguimos chegar em terra. Pode até parecer um milagre, apesar de não acreditar nessas besteiras fiquei tentado em pensar que algo divino nos puxou até essa ilha, uma ilha recem dominada por piratas, onde donos de estalagens faziam riquezas da noite pro dia. Desembarcamos. Levamos o capitão e os outros feridos e doentes para serem cuidados. Para curar escorbuto do capitão era simples, apenas tivemos que o fazer comer alguns repolhos e chupar algumas laranjas, mas para os feridos era necessário um médico de verdade, pernas e braços em estado de grangrena gráve. Parecia que o nosso bando tinha chegado ao fim.

-Só conseguimos aguentar 1 ano, sou mesmo um fracassado, mr. Riddley.
-Que bom que o senhor está melhor, capitão. – Respondi –Seja bem vindo de volta.
-Você ficou aqui do meu lado o tempo todo? – Perguntou se ajeitando na cama.
-Sim.
-Onde estamos? Que lugar é este?
-Não sei, acho que estamos em alguma ilha perto da costa Brasileira.
-Onde está a minha tripulação?
-Alguns deles não sobreviveram, outros se mandaram. Só sobrou eu, capitão.
-Você é um bom amigo, mr. Riddley. – Sorriu –Sobrou algum dinheiro?
-Temos o bastante para ficar mais alguns dias.
-Bom, então vamos beber alguma coisa. Tem tanto tempo que não ponho um liquido na minha boca que acho que já me esqueci qual gosto do rum e de um bom vinho.

Descemos as escadas da hospedaria e então sentamos em uma das mesas. As putas nem olharam pra gente, foram bons os tempos em que chegavamos em um lugar como esse com o bolso cheio de ouro. Deliciamos uma garrafa de cachaça e então uma figura apareceu na porta, com um ar serio e postura imponente. Reparei no seu chapeu, como eu queria um chapeu como aquele. Seus passos faziam meu coração palpitar de medo. Cumprimentou o capitão com um leve balançar de cabeça, pegou uma garrafa de rum e se sentou conosco. Sua tripulação entrou logo em seguida, negros africanos cada um com 3 a 4 metros de altura e todos de tapa-olhos.

-Pensei que era apenas uma lenda que para entrar na sua tripulação se custava os olhos da cara, Rios. – Fala o capitão.

Fiquei sem palavras, não pude esconder meu espanto e entusiamo de estar na presença de um homem tão ilustre. Então este que é o tal Rios, o capitão pirata mais temido e odiado de todos, dizem que até o própio satanás o chama de filho. Então, este que é o homem. Quando era criança ouvia infinitas historias aterrorizantes. Prometi a mim mesmo que eu me tornaria um notório pirata e meu nome ecoaria até os céus e faria Jesus Cristo tremer.

-Ouvimos dizer que você tinha morrido, mr. Rios. – Fala o capitão. –Disseram que você tinha sido capturado e perdido a cabeça.
-Eu também ouvi isso, até mesmo eu acreditei estar morto, mas depois me dei conta de que estava em algum lugar da costa asiática, e lá me veio a ideia de ter uma frota, por isto voltei para estes mares calmos daqui.
-E o que o tras a nossa humilde mesa?
-Você é o capitão daquela caravela ancorada aqui perto?
-Sim.
-Onde está sua tripulação?
-Está aqui do meu lado – Apontou para mim.

Seus subordinados gargalharam.

-Hasteie minha bandeira e navegue tocando terror com meu nome. Fique com 90% das pilhagens, não me importo com dinheiro, apenas quero que você siga meu navio, o Leviathan.
-Esta é uma grande oportunidade sr. Capitão. – Falei
-Sim, eu aceito. – Falou o capitão sem hesitar.
-Reuna uma tripulação, partimos em 5 dias. Hoje, bebam por minha conta.

Seus homens eram ex-escravos , salvos através de assaltos a navios negreiros da corte espanhola e portuguesa. Dizia a lenda que os tripulantes do Leviathan eram brancos que tinham a pele negra porque todos eles passaram pelo inferno, mas não passavam de pessoas legais e camaradas, curtidores e amantes do mar. Ficamos bebados e rimos até perder o folego. Fui para o meu quarto dormir e o Rios havia deixado um presente para mim. Na minha cama me esperava uma vadia loira e uma asiatica. Deitei e fechei os olhos enquanto as duas acariciavam meu órgão, sorri e deixei elas me satisfazerem. Essa é mesmo uma vida muito boa.

Continua...

Um comentário:

  1. Entro nesse blog aleatoriamente só pra ler algum texto antigo e me deparo com algo desse ano?

    Deve ser meu dia de sorte.

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