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domingo, 12 de outubro de 2008

Alf, o ETeimoso

Acordei hoje mais cedo para poder ficar mais tempo à toa. Comi um pão, tomei uma cerveja e vomitei antes de escovar os dentes (Cheiro de pasta é sempre nauseante, ainda mais pelas 9 da madrugada). Fiquei ouvindo Bach enquanto esperava algo acontecer. Uma batida na porta interrompeu a música.

-Quem é, porra? – Gritei.
-É eu!!
-“É Eu” o caralho seu analfabeto.

Levantei e abri. Era o Renato ou Alf que é como os outros o chamam por aí. “Alf”, um apelido bem imbecil que recebera de algum amigo retardado. Creio que esse pseudônimo esteja relacionado com aquele seriado ridículo dos anos 70 ou 80: “Alf, o ETeimoso”.

-Olá – Cumprimentei
-Aê Riosão! Trouxe umas cervejas aqui rapá!
-Ah. Entra aí.

Acendi um cigarro

-Põem essas merda lá na geladeira – Falei.
-Ta.

Alf é o leitor que vive mesmo em função do que escrevo. Se não fosse por esse fato, acho que ele nunca iria passar pela minha porta. Cara chato do caralho. Pôs-se a criticar os finais dos contos sem parar. Já estava de saco cheio, e para uma desgraça maior, uma criança começa a berrar gritos de agonia.

-Está ouvindo isso?
-Isso o quê? – Perguntei.
-Essa aberração aí gritando.
-Ah. É o menino que mora aqui em baixo – Respondi.
-Alguém devia fazer alguma coisa. – Falou irritado.
-Daqui a pouco ele para.

Foi até a janela e gritou.

-Cala boca seu filho da puta!

Ouvi sons de irritação, cadeira caindo e pisadas fortes no solo.

-VÁ TOMAR NO CU! – Alguém berra da casa do garoto que continuava em seus prantos medonhos.
-FAZ ESSA MERDA CALAR A BOCA – Alf grita de cima. Ainda vai sobrar pra mim, pensei.
-Vem calar a boca da tua mão aqui então, ela não para de gritar e gemer quando a ponho no colo.

Irritado e inspirado no mito Rios, iludido pelas baboseiras que escrevo, Alf desce as escadas e vai ao encontro do que eu chamaria de mamute, rinoceronte, armário, godzilla ou Arnold Schwarzenegger brasileiro.
Deu chutes e socos na porta do cara. Desci pra presenciar essa cena, não é algo que costuma acontecer todo dia. Sentei na escada e continuei bebendo minha cerveja e saboreando meu cigarro.
A porta abriu e deu passagem ao gigante. Alf continuou a gritar mesmo vendo o tamanho do gorila. Se pôs a falar ameaças, xingamentos e outras coisas desnecessárias.

-Bom dia, Rios. – Falou o armário, ignorando o pobre Alf.
-Bom dia vizinho. – Respondi.
-Esse cara aqui é seu amigo?
-Sim.
-Ele pode parar de incomodar?
-Quando ele surta assim, ninguém o para.

Dava pra perceber uma certa expressão de medo na cara do vizinho. Afinal, qualquer um teria medo de um louco dando socos na porta e ignorando completamente o fato do seu tamanho ser incrivelmente maior. Até eu teria medo. Pra falar a verdade, morro de medo de qualquer um que bate na minha porta.
Uma morena com cara e roupas de hippie ia descendo as escadas.

-Bom dia princesa. – Cumprimentei.
-Posso passar? – Perguntou a garota.
-Claro, mas seria melhor que fosse esperasse essa briga terminar, esses caras são meio loucos e imprevisíveis, você pode se machucar.
-É. Acho melhor esperar. – Falou a moça.
-Lá em casa tem umas cervejas, musica... e certamente é mais limpo que essas escadas. Não quer esperar lá?
-Sim. – Falou sem hesitar.

Que dia maluco, pensei. Subimos e entramos em minha residência. Como um bom cavalheiro, tirei seu casaco, pendurei na cadeira e pedi que se acomodasse. Coloquei Janis Joplin pra tocar, peguei duas cervejas. Sentei-me ao lado da senhorita, no chão, como nos velhos tempos da febre hippie que tomou conta dos jovens na década de 70. Apesar de odiar hippies, eu estava gostando daquele momento. Dei-lhe um beijo.

-Você sabe mesmo como agradar. – Falou a hippie
-Sim, e adoraria passear os dedos por essa cabeludinha.

Fui alisando por cima da saia.

-Como você sabe que é cabeludinha?

Toda garota que tira onda de paz e amor é cabeludinha, pensei.

-Sei pelo cheiro. – Respondi.
-Pelo cheiro? Não fede.
-Sim, não fede, muito pelo contrario, é um cheiro doce e suave que só os especialistas em xota como eu percebem. Era pra eu ter me tornado um ginecologista.
-E o que você é?
-Nada.

Enfiei a mão por dentro da calcinha e devagarzinho fui descendo pelos pêlos até chegar ao lugar secreto. Através dos beijos fui sentindo os suspiros de prazer que me fazem saber que querer experimentar outra coisa é uma completa loucura.

-Vamos lá, abre ai as pernas pra eu examinar e ver se não tem fungo.

Além das pernas, também abriu um lindo sorriso. Saquei pra fora meu instrumento e meti.

-Relaxe, não é nada disso que você está pensando, esse é um meio alternativo de examinar, aprendi lá no Pólo Norte.

Terminei de meter e deitamos na cama. Pobre Alf, imagino que tenha morrido.


lololol Bônus.