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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Deus só existe na sua cabeça.

A música saia das caixas de som do melhor bar de Salvador, enquanto eu me mantinha bebendo doses de conhaque acompanhado de um copo de cerveja e discutindo com o Alex como a vida seria uma merda se Deus não inventasse a cerveja.

-Tudo se resume a merda de qualquer jeito, com cerveja ou não. – disse eu.
-Sim, mas e se não existisse cerveja?
-Beberíamos outra coisa.
-Não tem outra coisa pra beber.
-Seria mesmo uma merda se não existisse sol.
-Não, seria uma maravilha, a cerveja nunca ia esquentar.
-Acho que não é o sol que esquenta a cerveja.
-E é o que esquenta a cerveja então?
-É o núcleo da terra.
-E o sol serve pra que?
-Serve pras plantas fazerem fotossíntese e pra nos fazer comprar óculos escuros.
-Deus é mesmo um sacana, cria o sol só pra nos dar problema.
-Deus nem existe.
-E quem criou o sol, então? Claro que deus existe. Tem que existir.
-O sol já existia antes mesmo de alguém criar um Deus que criou o sol.
-Rios, você é o cara mais gênio que eu conheço.
-Sim, mas eu prefiro ser uma tartaruga.

Dei um gole no conhaque e acendi um cigarro. Senti meu coração palpitar e vi uma luz branca descendo do céu, pensei que fosse um ufo, mas estava enganado, era a luz divina. O tempo parou, todas as pessoas dentro do bar ficaram imóveis. Um homem vestido de branco e cabelos compridos tocou meu ombro.

-Quem é você? – perguntei.
-Eu? Eu sou Jesús.
-HÁ! Sempre soube que você não era negro.
-Na verdade eu sou o que eu quiser.
-Então, o que te traz aqui?
-O chefe quer conversar com você.
-Seu pai?
-Não, ele não é meu pai.
-Claro que é, ele é pai de todos.
-Meu pai se chama José.
-Ah, me responde só mais uma dúvida.
-Diga.
-É sobre a Maria.
-Minha mãe?
-Não, a Madalena.
-O que tem ela?
-Ela era mesmo uma prostituta? Você não casou com ela? Nem namorou ou sei la?
-Ela era uma das minhas seguidoras, e era feia demais pra algum homem querer namorar.
-E porque dizem que ela era uma prostituta?
-Dizem isso?
-Você não sabia?
-Não, faz dois mil anos que não venho a terra.
-Ah, acho que não aconteceu nada de bom durante esse tempo.
-É porque não quis vim pra cá de novo.
-Porque não, cara?
-De tanto eu pregar, acabei sendo pregado. Não quero que isso se repita.
-Ah, é verdade, eu também não volto pra um lugar que não sou bem vindo. O que o chefe quer conversar comigo?
-Não sei, ele mandou só eu te chamar.
-E como faz pra falar com ele?
-É só segurar minha mão.

Segurei na mão de Jesús e quando pisquei o olho, já estava no paraíso, um velho barbudo me olhava.

-Zeus? – Perguntei.
-Não, Jeová.
-Me desculpe, mas sou ateu.
-Está perdoado.
-Não, você não pode me perdoar, você não é Deus. Eu sou ateu.
-Mas não acredita no que ver?
-Acredito que estou vendo um velho.
-Você consegue ser pior que o Tomé.
-Sim, mas não bebo como ele.
-Você bebe muito mais que ele e é muito mais ateu que ele.
-Então você me chamou aqui pra ser um santo? Tipo São Rios?
-Não existe santo.
-Acredito que no paraíso não tem cigarro, cerveja e nem ruivas né?
-Temos ruivas, mas quando estiver aqui, não vai sentir esse tipo de necessidade.
-Eu nem acredito que estou aqui e acredito que se existir um lugar como esse, as necessidades não serão esquecidas.
-Eu te chamei aqui pra você ser o novo Messias.
-Não, obrigado.
-Porque não quer?
-O ultimo acabou pregado, mas eu aceito ser São Rios.
-Já disse que não existe santo, eu sou o único que tem que ser adorado. – Falou em um tom agressivo.
-Você devia era se preocupar com outras coisas.
-Eu me preocupo com tudo.
-Então porque não resolve os problemas da humanidade? Porque deixa toda merda acontecer?
-Se chama livre arbítrio, a humanidade faz o que quer, e eles criaram todos os problemas.
-Livre arbítrio? Chama de livre arbítrio ter que te adorar pra poder vim pra o paraíso?
-Na verdade, pra vir pro céu, tem que ser mórmon.
-Pra ir pro céu, precisa ser piloto de avião. E eu vou processar o dono do bar que colocou drogas na minha cerveja.
-Tem certeza que não quer ser o Messias? Vai pro inferno se não aceitar.
-Vou pro inferno nada, eu viro Mórmon.
-Vai pro inferno do mesmo jeito.
-Lá tem cerveja, ruivas e cigarros?
-Não sei, nunca fui lá.
-Tá. Me leva de volta.

Pisquei e estava ainda no bar, conversando com o Alex. Uma ruiva sentou ao meu lado.

-Você é o Rios?
-Sim.
-Me da um autografo? Adoro seus contos.
-E eu adoro esses seus seios, principalmente o esquerdo.
-Porque o esquerdo?
-Porque é o mais redondo.

Apalpou o seio esquerdo e o direito.

-Não, eles me parecem iguais.
-Vem aqui no banheiro comigo que vou te mostrar que não são.
-Porque no banheiro?
-Porque tem espelho. Como é seu nome?
-Madalena.

Entrei no banheiro e tranquei a porta. Tirei a blusa da garota e mostrei a ela que o esquerdo era mais redondo que o direito.

-Nossa, é verdade, são diferente. Nunca reparei isso.
-Sim, vou te mostrar uma coisa também que ninguém repara.
-O que?
-O meu ovo esquerdo é maior que o direito.

Abaixei as calcas e mostrei o meu gigantesco, avantajado, grotesco e palpitante órgão sexual.

-Nossa, o esquerdo é maior mesmo.
-Sim.
-E esse seu pau ai é o maior que eu já vi.
-Sim, e tem gente que chupa.

Ajoelhou-se e começou a chupar. Depois despi por completo a minha cópula e meti. Foi a melhor foda da minha vida.

3 comentários:

  1. Rapaz, vc é bom mesmo.

    Blasfêmia, filosofia de boteco, sacanagem e goró: tudo bem dosado.

    Está LINQUEADO, hidro-amaldiçoado !!

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  2. deus existe na sua também se não você não falaria dele...

    falo !

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  3. Q Satanás não leve embora, por enquato, esse destemido herege. Ainda tenho que ler alguns contos onde ele saiba ecrever melhor. Apesar dos pesares, encontrei ótimas passagens, rendeu-me umas risadas.

    Ae, espero q nesse blog haja a mais fina sinceridade, já cansei de rasgação de seda, puxa-saquismo e panelhinha.

    valeu

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