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quinta-feira, 24 de julho de 2008

o Peixe

“Seus olhos brilham como as estrelas do céu, és tão bela quanto uma mariposa cruzando o oceano atlântico sob a luz do luar.”
Os fazedores de metáforas deveriam lamber meu saco.

Há muito tempo atrás, conheci uma cigana que fedia a merda. Além de cruzar, não gostávamos de fazer nada que um casal normal faz. Curtíamos a noite bebendo vinhos roubados de supermercados, vendo TV e trepando ou saindo pra algum lugar e trepando. Os ciganos daqui deveriam ter trailers, ia ser mais divertido. Zé das mono era o nome ou apelido de seu amante, não sei se era pelo fato dele ter uma mãe com uma grotesca monocelha ou se é porque só consegue copular com fêmeas com grandes características neanderthais na testa, pode ser também que seja porque ele próprio possua apenas uma faixa peluda acima dos olhos ou quem sabe pela soma de tudo. O Zé se tornou um grande amigo meu, nem me importava que ele fodesse minha cigana. Poderia pelo menos me dizer, mas ninguém é perfeito, que se foda.
Em um sábado, eu e Zé fomos até um rio tomar uma cerveja e andar de barco. As pessoas têm muita sorte de não quererem sair velejando pelo rio, talvez soubessem que seriam saqueadas pelo nosso bando pirata. Rios caolho e Zé das mono.

-Porquê Rios caolho? Você não é caolho porra! – Sempre repetia o vice-capitão, zé das mono.
-Porque uma dia eu vou ficar caolho, é o destino de todo capitão.
-E a perna de pau? Porquê não vira “Rios caolho da perna de pau” logo?
-Perna de pau é mito.
-E quem disse que você é o capitão?!
-Eu.
-Mas quem roubou essa canoa fodida do caralho foi eu.
-O que significa isso? Um motim? – Peguei o remo e ameacei. – Aquiete-se aí e comece a remar!
-Remar pra onde? Único lugar que podemos ir é até o outro lado.
-Ah, então ficaremos aqui mesmo, me da uma cerveja aí.

Sentamos e permanecemos inertes. Gastamos muita energia nessa briga retardada. Um peixe pulou do lado do barco.

-Olha que peixe estranho – falei.

Zé pegou a rede e o capturou.

-Poderíamos frita-lo – Falou olhando para o pobre peixe em suas mãos.
-Não, não como os bichos. – Falei.
-Não seja fresco, Rios.
-Não como os bichos. Joga essa porra fora.

Devolveu o peixe para o rio.

-Não gosto de você como capitão.
-Então ache outro barco e junte sua tripulação, esse aqui eu já confisquei, se quiser tomar meu lugar vai ter que me matar. – Falei.

O peixe pulou de volta para a canoa e ficou se debatendo no seco.

-Olha aí Capitão, ele quer ser frito e digerido.
-Talvez ele só queira ser seu amigo e você fica nessa de comer o peixe.

Encheu um balde com água e jogou o bicho dentro.

-Ele vai pular daí, os peixes não são amigo de ninguém. – Falou o zé.
-Vai nada, cala boca, seu bolachão.

Permaneceu dentro do balde, com a cabeça pra fora. Joguei cerveja nele e pareceu que gostou.

-Viu? Ele gosta até de cerveja. – falei.
-Tá.
-Ele vai ser meu papagaio.
-Ele é um peixe.
-Não, é um papagaio, todo capitão tem um. O meu é especial, é um peixe. Um papagaio peixe ou vice-versa, tanto faz.
-Não sei se tu ta me sacaneando o está falando serio mesmo, isso me preocupa.
-Tanto faz também, no final de ambas hipóteses você será um imbecil. – falei. Com sorrisinho sacana na cara.

Jogamos o peixe devolta na água e fomos embora. No outro dia voltamos lá no rio pra velejar e o papagaio pulou na canoa.

-Ah! puta q pariu! – falei – é o mesmo peixe! falei pra você que ele queria ser amigo!
-Se foder! Não é o mesmo, deve ser o irmão ou sei la.
-É o mesmo!

Estalei os dedos da mesma forma que se chama um cachorro domestico. O peixe se debateu no chão da canoa

-Oh la! Quer ser de estimação a porra. – falei.
-Quer nada, ta se debatendo porque não ta na água.

Tiramos as cervejas de dentro do balde, enchemos com aquela água escura do rio e jogamos o bicho lá dentro. Estalei os dedos novamente.

-Oh la! Não se debateu. – Falou o zé.
-Mas ficou nadando rápido, tipo cachorro correndo e balançando o rabo quando a gente chega em casa.

E foi assim todos os dias, pegávamos o peixe e levávamos pra passear, depois devolvíamos para o rio e íamos embora cuidar da vida. Trepar, arrumar dinheiro pra comprar comida e bebida. Achei depois um puteiro de peixes. Tinha um pet shop com vários aquários, tudo separado por macho, fêmea, ou tamanho, ou raça ou sei la, qualquer coisa. Capturamos novamente o mesmo peixe-papagio e pedimos pra o negro que trabalhava lá que deixasse o nosso peixe esfregar seu órgão sexual nas fêmeas da loja. O cara deve ter achado estranho o pedido, mas não negou o favor. Nunca tinha visto peixe cruzar antes. Ele nem penetra. O Funcionário nos informou que é apenas isso que acontece, o bicho lança o esperma na água e a fêmea chupa com a xota a porra pra poder ficar grávida de ovos. Senti-me meio triste, levei o amigo pra dar uma foda e tudo que ele faz é se punhetar. Pelo menos foi de graça. Comprei uma dose de Domecq e um litro de vinho, bebi o conhaque e levei o vinho pra casa, minha cigana precisava de um presente. Fodemos um pouco e dormi. Até pouco tempo atrás o peixe era meu companheiro, acabou por acordar de cabeça pra baixo e boiando no balde. Triste, o final sempre é a morte, até mesmo pra mim ou pra sua mãe ou pra você. Nascer, reproduzir e morrer, é igual pra todos os seres vivos do planeta. Nossa espécie não venceu a guerra, muito pelo contrario, abandonou e cometeu suicídio. A essência de animal se tornou uma ilusão de superioridade, acabou-se por permanecer enganado por mitos de criação. Não importa o quê, todos nós viemos de um único ser. Eu amava meu peixe-papagaio, que na verdade nem era meu, era dele próprio e vocês que se fodam aí.

15 comentários:

  1. lol.. .mais um final fudido! UAHUAHUAHUAH

    by Mestre

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  2. muitooo foda rios, num para de escreve não, e o livro vai lança quando ?

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. quando tiver 100 contos aqui, eu registro a porra toda e escolho os 30 melhores! =D
    vcs leitores fieis, ganharão desconto na compra ou se me puxarem muito o saco podem até levar de graça

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  5. kkkkkkkkkkkkkkkkk...

    hummm, quero ganhar sim...

    a propósito, gostei do conto.
    mas o q te fez escrever sobre isso?

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  6. nossa... final emocionante, esse

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  7. NOssa não acredito nisso vc voltou !
    ehuahuehauea

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  8. Pronto agora acabei de ler esse post ducaralho muito foda rios !
    seu playboy dí merda !

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  9. só o rios mesmo com isso...
    o que deve se passar na cabeca dum ser estranho desse uaHSuaHUSha
    peixe-papagaio foi foda, num me surpreendo com mais nada dps dessa aUHSuaHSuha

    parabens rios

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  10. Muito fodas os contos,to esperando mais contos,posta mais aqui nessa porra.

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